A porta negra de Angmar

a porta negra
A porta negra
O dragão que te faz crescer espinhos nas costas
Na cara e em todo o lado

Ajuda-me
Eu máscara
Sem alimento e sem esperança

Das costas erguem-se os engenhos
E os insetos que os desenharam no escuro
Para que negra rainha subterrânea
Trabalham eles?

Não é um preâmbulo nem um poema
É uma entrada
***
Que mais? Que mais? Que mais?

Escolhi mal e voltei a escolher
Será tarde demais?
Hoje encontrei um sítio
Estou triste e não consigo dormir
Quero acabar e quero começar
Nem um nem outro
As vagas que me assolam
A tempestade perfeita de aqui para sempre
Até ao fim do universo
A energia é imortal
Mesmo após cada átomo do meu corpo estar separado
Eu sou eterno, tudo o resto é eterno
E no entanto acabo
E sofro
***
A realidade virtualiza-se para ti
Veneno escorre de serpentes
Presas aos teus cabelos
E desce para os meus olhos
E eu grito:
Taça!

Mostro-te o meu braço queimado
Começas a conhecer-me...
Mesmo isso é estranho para mim
O céu troveja, as águas caem
Os velhos deuses estão vivos de novo
***
Vejo o morto
Esquelético
A sua pele abandonou os ossos
Mas ainda cobre algumas partes
Em farrapos

Gostava de conhecer
O negro poder
Que o faz mover ainda

Será demais para um homem
Uma estranha força
Que mora para além das estrelas
É onde quero ir
O profundo inabalável escuro
Que nunca acaba
Lá farei o meu reino
***
Guerra a vontade dos deuses
Eu quero paz mas dão-me guerra
Mais eterna que os pássaros
Que os insetos atarefados a transportar mantimentos
Para lugares escuros
Que o próprio céu
Aberto em estrelas, frio e luz
Guerra a lança que penetra o véu
O céu carne divina
Para ser atravessada por mãos humanas
Humanas e mortais
Cedo demais mortais
Gostava que os cantos o soubessem exprimir
Não é o barulho nem agonia
É uma só nota que nunca acaba
Que acaba tudo
Guerra mais que a paz
Mais que a vida guerra
Guerra
Guerra